Técnica de corrida vale mais que a genética

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Técnica errada de corrida

Técnica correta de corrida

Vimos no artigo anterior quanto o rendimento do corredor pode evoluir apenas melhorando a flexibilidade dos músculos do quadril, da perna e especialmente os posteriores da coxa aumentando naturalmente o ângulo entre as pernas durante a fase do voo sem mudar nada no plano de treinamento.

Em qualquer corrida basta a gente ficar na linha de chegada observando os corredores que não é difícil identificar os diversos desvios biomecânicos especialmente os que chegam mais cansados. Esses desvios normalmente já são presentes no corredor e com o cansaço acabam se acentuando ainda mais e quase sempre são a causa das lesões mais comuns.

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Rigidez dos ombros

Já citei em outras oportunidades que o corredor não corre só com as pernas. Os braços são responsáveis pelo equilíbrio do movimento em linha reta e não muito raro vemos corredores cifóticos (corcunda) com as costas arriadas cruzando os braços na frente do corpo como se estivesse lutando boxe. Isso prejudica a biomecânica. Na fase do voo ao cruzar o braço à frente do corpo é como freasse o impulso dado pela perna que está atrás. Ou seja, a passada fica mais curta e quanto mais longa a prova mais se acentuam os problemas. Além disso, a rigidez dos ombros costuma ser responsável pela maior parte das dores nessa região, costas e coluna cervical.

Encurtamento dos isquiotibiais

Esse grupo muscular posterior de coxa encurtado, além da diminuição do ângulo entre as pernas citado no artigo anterior, costuma ser responsável pelo estresse no joelho gerando dores que muitas vezes confundem diagnósticos. Problemas que podem ser resolvidos apenas com alongamento.

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Alinhamento das pernas

Parece brincadeira, mas em princípio seria difícil imaginar que alguém pudesse correr cruzando a perna sobre a linha média do corpo. Essa pode ser mais uma causa de dor no joelho, vício que pode ser tirado com exercícios educativos.

Saltar durante o voo

Não muito raro observando de lado alguns corredores saltam durante a fase do voo encurtando a distância da passada. No bom português parece que o corredor não corre para frente e sim para cima. Além de dificultar a eficiência do passo aumenta o impacto podendo ser a causa de dores nos pés, tornozelo ou em casos mais graves fratura por estresse que costuma estar associada à soma de fatores como excesso de treinos em velocidade, volume e/ou biomecânica incorreta.

Pouso com o calcanhar

A fase seguinte do voo é a aterrissagem e embora cada um tenha o seu jeito de correr o modo de tocar o pé no solo faz muita diferença. O ideal é tocar o solo no centro de gravidade bem embaixo do corpo com o meio do pé e não com o calcanhar. Isso tem a ver com o ângulo de ataque no meio das pernas que vimos no artigo anterior. Quando esse ângulo é maior o pé toca o solo em baixo do joelho e mais próximo do centro de gravidade do corpo. Antigamente pregava-se que o pé deveria fazer uma espécie de mata-borrão tocando primeiro o calcanhar, fazer um rolamento com o meio do pé e lançar o corpo ao voo com a ponta do pé. Numa filmagem em câmara lenta quando o corredor toca excessivamente o solo com o calcanhar a perna toda treme como resultado do impacto aumentado. Claro, isso pode gerar muitas dores e em casos mais graves a popular "canelite" que é a inflamação do tendão tibial que fica entre os ossos tíbia e fíbula. 

O exemplo

Quando se fala em exemplo de corrida, principalmente a técnica qualquer um de nós lembra logo dos quenianos e muita gente se apressa em falar da genética. Não é só isso. Eles correm com a postura ereta com o tronco levemente inclinado para a frente, passada cadenciada e constante, pisam com o meio do pé resultado da elevação da coxa com um ângulo maior entre as pernas, usam uma passada suave sem saltar durante o voo e são extremamente disciplinados com a técnica e estratégia de cada competição. Claro, isso chama-se disciplina. Tanto é verdade que raramente largam na frente e só aparecem de fato a partir do segundo terço em diante da prova. Ou seja, fatores treináveis. A genética, como muita gente afirma, na verdade conta pouco.

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Para Refletir: Nada é para sempre. O que os mais velhos nos ensinaram quando éramos jovens hoje pode não servir para nada. Temos que reaprender a todo momento. (Moraes 2014).

Sobre a Ética: Ética e moral depende muito da cabeça de cada um. Ou seja, da capacidade de usar os neurônios para o bem, para o mau ou para o mal. (Moraes 2014).

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