Ao assistirmos uma corrida de fórmula um, quando um daqueles carros velozes e sofisticados entra no box, tudo é controlado a fim de que apresente o melhor rendimento na pista. Tudo é medido e conferido. Sistema hidráulico, freios, pressão de óleo, pneus e tudo o mais.
A nossa máquina humana também possui vários sistemas integrados que podem e devem ser aferidos. Quanto mais fidedigna for a avaliação, melhor o rendimento. Um desses sistemas e foco de muito estudo e discussão é o cardiovascular onde os valores mais importantes a ele relacionado antes, durante e depois do exercício, são a
Freqüência Cardíaca
(FC), o Duplo-Produto (DP) e a Pressão Arterial
(PA).
A FC, com o desenvolvimento dos monitores cardíacos passou a ser monitorada com bastante precisão mas a PA, ainda não possui um método, ao mesmo tempo eficaz, seguro e prático, existindo atualmente três conhecidos. Um direto invasivo e dois indiretos não invasivos.
O direto é feito por um cateter introduzido numa artéria e estando conectado a um transdutor envia continuamente e de modo preciso a informação da PA. Sem dúvida nenhuma é o método mais fidedigno mas pouco prático se formos analisar a necessidade de investigação do comportamento da PA antes, durante e após o exercício. Como o cateter é introduzido normalmente em um dos membros superiores, a avaliação da PA em exercício envolvendo os membros citados fica comprometida. Além disso, a literatura cita riscos de sangramento, dor, oclusão parcial da artéria invadida. Como se não bastasse, o custo e a necessidade de local apropriado podem ser os fatores determinantes para restringir o método.
Os outros dois, indiretos, são o fitoplestimográfico que utiliza um aparelho chamado finapress cuja fabricação encontra-se suspensa e o tradicional auscultatório usando o aparelho esfignomanômetro. Cada um deles tem as suas vantagens e desvantagens isoladas.
O Finapress, de modo similar ao direto, é ajustado ao dedo médio da mão com um ajuste pneumático e mede continuamente a PA. Traz todas as vantagens do direto acrescido do não incômodo da dor e riscos de sangramento. Entretanto, da mesma forma que o direto, inviabiliza análise de comportamento de exercícios com o membro superior onde está acoplado o aparelho.
O tradicional auscultatório, com aquela braçadeira inflável que se coloca no braço, com todas as limitações ainda é o mais viável e mais usado acessível a qualquer profissional experiente. O mais difícil entretanto, e fator que pode apresentar diferentes medidas, é a dificuldade de perceber os ruídos de Korotkoff que determinam o valor Sistólico e diastólico. A precisão depende da sensibilidade auditiva do avaliador. Captar por exemplo a PA numa série de 12 repetições num exercício de musculação requer essa experiência uma vez que imediatamente após a série a PA recua rapidamente principalmente nos mais treinados. Outra dificuldade citada é que uma vez perdido o registro, para se medir de novo deve-se repetir todo o procedimento de manipulação do manguito inflável.
Existem poucos trabalhos de medidas de PA relacionadas com exercícios resistidos, ao contrário das investigações com
exercícios aeróbios. Somente nos últimos dois anos começaram a surgir o interesse dessa investigação nos exercícios de musculação, face a importância que essa atividade vem conquistando entre as pessoas à procura de uma
vida mais
saudável. O próprio Colégio Americano de Medicina Esportiva recomenda o controle do Duplo-produto como melhor indicativo de controle da intensidade dos exercícios resistidos, sobretudo na população considerada grupo especial como os
obesos, idosos,
diabéticos,
gestantes e hipertensos. Como a avaliação do Duplo-produto depende do valor da Pressão Arterial Sistólica torna-se necessário a escolha de um método de medida e, o auscultatório ainda é o mais usado nos centros de
atividade
física. Para minimizar os possíveis erros, a literatura atual sugere que a medida da PA seja feita o mais próximo possível da última repetição da última série levando-se em conta também a massa muscular envolvida e carga. Portanto, na prática de qualquer atividade física, a medida da PA é tão importante quanto o acompanhamento da Freqüência Cardíaca para o rendimento da máquina humana.
Cartas para essa coluna:
Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 3529 - E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Para Refletir: Tudo na vida depende de medida. Quem não mede o fracasso não pode prever o sucesso.
Sobre a Ética - O sucesso profissional só acontece com os que se unem em torno de um comportamento ético.
Saiba mais:
Pressão arterial
Pressão alta - Sintomas, diagnóstico e tratamento
Pressão alta - causas, prevenção e fatores de risco
Hipertensão, colesterol, doenças cardiovasculares e como baixar a pressão
Comer menos sal - dieta
hiposódica
Hipotensão ortostática ou postural
Hipertensão: o que é e como prevenir
Biossensores e sua saúde
Gostou desse artigo? Então você pode recomendá-lo com o Google +1:
|
Use a busca abaixo para encontrar o que deseja em mais de 5 mil páginas sobre esporte, saúde e bem-estar:
|
Referência:
POLITO, Marcos Doederlein; FARINATTI, Paulo de Tarso Veras. Considerações sobre a medida da pressão arterial em exercícios contra-resistência. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Vol. 9, nº 1 - Jan/Fev. 2003.
POLITO, Marcos Doederlein et.al. Efeito Hipotensivo do exercício de força realizado em intensidades diferentes e mesmo volume de trabalho. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Vol. 9, nº 2 - Mar/Abr. 2003.
Créditos:
Texto copyright © por Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 003529
lcmoraes@petrobras.com.br | lcmoraes@compuland.com.br
Leia mais artigos sobre esporte e saúde no site Notícias
do Corpo
|