Resposta do
Professor Carlos Gomes Ventura
As condições para o desenvolvimento dos treinamentos em provas de longas distâncias
evoluíram em relação ao que se treinava à alguns anos. Isto se deve ao progresso da tecnologia, da medicina esportiva, da atualização dos treinadores, e fundamentalmente da orientação que é dada aos atletas sobre qualidade de vida, sobre fisiologia do esporte e principalmente sobre nutrição.
Assim, a pratica dos treinamentos aproxima o atleta da sua melhor performance possível.
Na década de 50 o atleta Emil Zatopek, já com 29 anos, fascinou o mundo ganhando três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Helsinque/Finlândia de 1.952. Ele venceu os 5.000, os 10.000 metros rasos e também surpreendeu na maratona. Em 1.948 venceu nos Jogos Olímpicos de Londres os 10.000 metros rasos e foi prata nos 5.000. Naquela década estabeleceu 20 recordes mundiais.
Emil Zatopek foi o precursor do "interval training". Iniciando um período onde os treinamentos eram empíricos. Em 1.953 ele esteve no Brasil para correr a São Silvestre. Na semana que antecedeu esta magna prova do pedestrianismo mundial, Zatopek, o "Locomotiva Humana", fez alguns treinos em São Paulo, em uma pista de carvão.
Eu com 14 anos e ansioso para ver o ídolo treinando, fui assistir um dos treinos. Todos ficaram surpresos, pois além das inúmeras repetições dos tiros de seu treino, ele usava pesos sobre os pés, forçando logicamente uma resistência localizada para os membros inferiores. Muito curioso na época.
Chegou o dia da prova, 31 de dezembro de 1.953 e este fabuloso atleta venceu folgadamente a São Silvestre, com mais de 500 metros sobre o segundo colocado. Todos os corredores na época ficaram interessados em usar pesos para imitar o campeão.
Na verdade, Zatopek com sua maneira de treinar, deu início a uma nova idéia sobre treinamentos.
Hoje, passados 50 anos, agora como técnico, vejo que toda iniciativa de evolução é válida, porém fugindo do empirismo o que acontecia na época.
O trabalho muscular para um fundista pode ser feito em academia usando o que de mais moderno a tecnologia nos oferece.
Particularmente sou contrário ao uso de peso nos pés e as vezes dependendo da periodização, o trabalho em academia. O atleta pode usar o seu próprio peso correndo em terrenos montanhosos, arenosos, acidentados, sem perder a naturalidade dos movimentos.
Confesso minha admiração pelo saudoso Emil Zatopek, recordo que quando estive em Praga, levando atletas brasileiros para a maratona da cidade, tive uma emoção indescritível durante o congresso técnico da prova. Repentinamente, para surpresa minha, vi adentrar à sala Zatopek, aqueles ex-atleta que modificou o cenário do atletismo mundial. Foi um desbravador e devemos a ele tudo o que acontece hoje com marcas excepcionais.
Carlos Gomes Ventura (Carlão)
blog, Telefone: (11)3686-5384, e-mail
Livro
Manual do Corredor - A Grande Pirâmide
Carlos
Ventura é um dos treinadores brasileiros de maior sucesso. Em seu novo livro, Carlão responde às indagações mais comuns entre nós
corredores. A sabedoria de décadas de experiência do Carlão são passadas de forma simples e clara para corredores de todos os níveis de performance.
Saiba mais sobre o
livro...
|
Resposta do treinador
Nilson Duarte Monteiro
Não!
Correr com pesos nos pés não trás benefício. Vai trazer, sim, problemas de postura, de coluna e prejudicar a biomecânica da corrida.
Se o atleta quiser fazer trabalho de força, o ideal é subir morro, puxar ferro na academia e, assim mesmo, tem que ter cuidado.
A corrida já um exercício de impacto, ou seja, judia a coluna vertebral, agora imagine correr com pesos nos pés. Se o impacto da corrida leva alguns anos para detonar a coluna, com pesos nos pés esses anos vão se abreviar.
Não invente moda, faça aquilo que seu técnico determina, acho que ele deve saber o que está fazendo, pelo menos assim espero, pois ele estudou pra isso.
Resposta do
Professor Luis Tavares
Sinceramente não recomendo correr com pesos nos pés por vários motivos:
- Em função do contra peso em seus pés, o risco de acidentes é maior, pois acaba não tendo uma biomecânica correta da corrida, tendo uma pouca elevação dos joelhos, levando a um tropeço e um acidente.
-Perda significativa de sua velocidade durante esse treino
- Corre risco da caneleira ficar roçando em sua perna durante o treino e vindo a machucar
- pode levar uma distensão ou outra lesão, se não for usado de forma correta.
Recomendo o peso:
Na realização de exercícios específicos ou educativos, como fortalecimento dos membros inferiores, mas jamais para correr com esses pesos.
Professor Luis Tavares Telefone: (11)3159-8456 - e-mail: e.c.tavares@uol.com.br
- site: https://www.ectavares.com.br
Resposta do Onécimo Ubiratã Medina Melo
Não,
correr com pesos no pés não traz benefícios. Porque se queremos algum melhora em termos de condicionamento temos outras alternativas de treinamento.
Se quisermos aumentar nosso consumo de calorias podemos: correr mais rápido, correr em lombas ou puxar um pneu no chão por exemplo.
Mesmo os corredores de aventura que correm com mochilas nas costas, treinam com mochilas na altura da cintura e não nos pés.
Do ponto de vista biomecânico, correr com peso nos pés piora nossa economia de corrida.
Pois estudos mostram que corredores mais pesados tem melhor economia de corrida por que seu centro de gravidade está no ponto mais pesado do corpo.
Ao colocarmos peso, deslocamos esse ponto e em conseqüência pioramos nossa mecânica de corrida.
Não podemos deixar de falar na grande chance de desenvolvermos uma lesão: no reto
femoral, isquiotibiais, trocanter do fêmur e pés. Não vale a pena arriscar uma temporada de treinamento.
Se quiser algo parecido corra em piscina rasa ou na praia com água no joelho, você vai ter mais ganhos.
Onécimo Ubiratã Medina Melo
e-mail: biratri@yahoo.com.br - site:
https://www.biratreinamento.com.br
Resposta do Alex Batalha Machado da Silva
Depende do condicionamento físico do praticante. Se for um
atleta conhecedor de seu ritmo e sua postura durante o treinamento e que tenha uma boa tonicidade
muscular para ajudar o sistema ósseo a suportar o impacto aumentado, não vejo problema em usar o peso para dar mais intensidade
à corrida. Por outro lado, para um iniciante ou uma pessoa da terceira idade que não esteja acostumado
às corridas regulares e não apresente um condicionamento físico satisfatório, acredito que o peso seja um risco desnecessário, pois vai sobrecarregar as
articulações de tornozelo e joelho, prejudicar o ritmo da corrida e provocar um acúmulo de ácido lático nos membros inferiores comprometendo a seqüência do treinamento. Para um iniciante existem outras
maneiras de aumentar a intensidade do treinamento sem correr riscos.
Alex Batalha Machado da Silva
Telefone: (14) 3237-5747 / (14) 9109-5022
- e-mail: alex.batalha@hotmail.com
|