Resposta do treinador
Nilson Duarte Monteiro
Não são só os quenianos, mas etíopes, eritréos, ugandenses, ou seja, a África do Leste.
Eu tenho uma teoria para o sucesso deles:
Os africanos, assim como os brasileiros do interior do Brasil que trabalham de sol a sol, são crianças pobres que tem que ajudar os pais no sustento da casa, trabalhando na lavoura, nas carvoarias, nas plantações de sisal... uma vida sofrida, chegando a passar fome.
Agora raciocinem comigo; se vocês tivessem a mesma condição de vida dessas crianças, qual seria a melhor opção? Treinar 3 horas por dia e ter a chance de ser reconhecido nacionalmente, ou continuar na lavoura, carvoaria... 10 horas por dia para ganhar apenas o suficiente para mal se sustentarem? Foi isso que os africanos vislumbraram com o esporte, uma condição melhor de vida, o reconhecimento pelos seus pares, trabalhar pouco e ganhar muito.
O sofrimento de um treinamento não chega aos pés de um trabalho duro na lavoura, ou passar fome. Eles descobriram a pólvora, coisa que as autoridades brasileiras ainda não enxergaram. Não devemos culpar só as autoridades, mas a maioria dos técnicos brasileiros por não perceber que o filão está no interior, principalmente no sertão nordestino. Muitos pensam que as favelas brasileiras seria um rico filão para se descobrir talentos, pode até ser, mas as crianças das favelas já estão mal acostumadas com a vida moderna, ou seja, TV,
videogames e todas as mazelas da cidade grande, enquanto que as crianças da roça, ainda, não foram picadas pela modernidade.
Por que países que tinham tradição nas provas de fundo como, EUA, Finlândia, Inglaterra e etc, perderam o trono para os africanos? Porque os africanos estão 30, 40 anos atrasados em relação a esses países, ou seja, a vida moderna que os países que tinham tradição nas provas de fundo, ainda não chegou aos países africanos. As crianças dos países africanos e do interior do Brasil, ainda brincam ao ar livre - se é que brincam, pois muitos tem que trabalhar desde cedo -, enquanto que nos países europeus e americanos, o divertimento delas é na frente de um computador, ou vendo TV.
Assim, elas não tendo acesso a essa modernidade toda, e brincando ao ar
livre, lhes dá uma condição motora muito superior às crianças da cidade, além é claro da vida difícil, pobre, que as molda para a robustez de um treinamento.
Muito se fala que os africanos são diferentes geneticamente, mas isso, no meu ponto de vista, é papo para boi dormir, uma teoria racista de cientistas que não tem o que fazer. Para mim o sucesso dos africanos se deve única e exclusivamente a um trabalho intenso e da força mental em querer alcançar um objetivo. Outro detalhe na supremacia africana, é que muitos deles vem da altitude em que nasceram e foram criados, além das grandes distâncias que tem que percorrer para irem à escola, cidade e etc. Por serem países pobres, a população faz quase tudo a pé, pois os meios de transporte é precário e muitas vezes inexistente, fazendo com que as crianças e adultos tenham que caminhar quilômetros para chegar a um determinado lugar. Parece brincadeira, mas essas caminhadas, o trabalho braçal na roça, nada mais é que um trabalho de base.
Esse sim é o segredo dos africanos, vida difícil, trabalho árduo e muita força de vontade.
Resposta do
Professor Carlos Gomes Ventura
O Atletismo de fundo do
Quênia, evidentemente nos últimos 20 anos mostrou e demonstra uma hegemonia insuperável com outros países africanos em termos de performance perante os outros continentes.
Dos 1.500 metros rasos até os 42.195 da Maratona fica evidente a superioridade técnica.
O quênia tem demonstrado resultados e classificações que não nos surpreende, meu ícone
Paul Tergat, treinado pelo Dr. Rosa e pelo Frederico e mais uma infinidade de quenianos são a vitrine das corridas de longas distâncias.
A grande interrogação do mundo e para nós brasileiros especialmente é: porque eles vencem tanto?
Como Técnico de Atletismo e fazendo um follow-up das competições onde participam atletas do
quênia, formei um parecer muito particular. O grande problema do Atletismo brasileiro é o seguinte: patrocina-se o campeão e o jovem talento potencial na maioria das vezes é relegado a terceiro plano.
Não é dando cesta de alimentos, renda mínima ou uma bolsa que sairemos da linha da mediocridade.
É necessário vontade política, determinação administrativa, disciplina e fundamentalmente cultura dos dirigentes do pais nos segmentos de saúde e educação. Quando existe a preocupação e um trabalho sério os resultados aparecem, como o que foi realizado pelo Dr. Sergio Coutinho Nogueira.
Os atletas do quênia não vencem por acaso, existe um trabalho de massificação, qualidade e estrutura técnica e financeira, são feitos investimentos nos atletas, nos profissionais que os assessoram, tendo por exemplo o que é feito em Brescia –Itália.
Atletas quenianos de categorias técnicas e idades inferiores treinam em diversos locais do mundo, inclusive no Brasil – no Paraná com o Moacir Marconi e isto serve de catapulta para o amadurecimento e para alta performance.
Ainda existe outra interrogação, temos ou não condições?
Sou de uma opinião extremamente particular, nós brasileiros temos melhores condições que os quenianos, o que nos falta citamos em linhas anteriores.
Para aproveitar esta nossa melhor condição, é preciso que seja feito um trabalho na base da pirâmide, principalmente nas escolas de ensino de 1º Grau e uma melhor oportunidade de aprimoramento para os profissionais de Educação Física.
Possuímos um grande contingente populacional e não sabemos organizar um processo para revelar habilidades e desenvolver os talentos, embora tenhamos pesquisadores e centro de estudos que desenvolvem pesquisas que são aplicados metodologicamente em outros paises.
O Atleta brasileiro tem condições de ser medalhista olímpico, pois a matéria prima é de excelente qualidade, entretanto nosso processo de gestão carece de aprimoramento.
Carlos Gomes Ventura
Telefone: (11)3686-5384 - blog: carlosventura8085.blogspot.com - e-mail: cgventura@uol.com.br
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Manual do Corredor - A Grande Pirâmide
Carlos
Ventura é um dos treinadores brasileiros de maior sucesso. Em seu novo livro, Carlão responde às indagações mais comuns entre nós
corredores. A sabedoria de décadas de experiência do Carlão são passadas de forma simples e clara para corredores de todos os níveis de performance.
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Resposta do
Professor Luis Tavares
São vários fatores: Primeiro o fator genético, o treinamento e o fato de treinarem em
altitude (acima de 2000 m de altitude).
Por serem negros, eles tem uma ótima capacidade aeróbia com altos índices de vo2.
Um outro fator a ser considerado quanto a nível de treinamentos dos quenianos, é a capacidade de recuperação, pois eles podem ficar meses sem treinar de forma intensa e regular e dentro de poucos meses , são capazes de voltar de uma forma surpreendente com pouco treinamento tudo graças a sua genética.
No Brasil se tivéssemos um melhor planejamento e estabilidade, teríamos um rendimento melhor. Pois temos um material “humano” enorme com muitas revelações surgindo, porem a falta de patrocínio desses atletas, obrigando a participação quase em todos finais de semana nas provas que há premiação em dinheiro, praticamente estragam qualquer tipo de planejamento de desenvolvimento de futuro, além de “estourarem” os atletas devido aos desgastes de excesso de provas.
Professor Luis Tavares
Telefone: (11)3159-8456 - e-mail: e.c.tavares@uol.com.br
site: https://www.ectavares.com.brSaiba mais:
Paul Tergat
Treino em alta altitude
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