
|
Música pode te colocar para cima. Ela pode te fazer chorar. Pode relaxar ou o colocar em movimento dançando. Você provavelmente escuta música várias vezes por dia: no rádio, TV, supermercado ou
academia. A música está entre nós desde tempos ancestrais, e é parte de todas as culturas conhecidas.
“Há algo sobre a música que parece ser bastante estimulante para o cérebro e corpo”, diz o neurocientista Dr. Petr Janata da Universidade da Califórnia. Cantar suas músicas favoritas com amigos, tocar numa banda ou dançar também ajuda a se relacionar com outras pessoas. “É uma forma de sincronizar grupos de pessoas em uma atividade comum que qualquer um pode fazer ao mesmo tempo”, adiciona Dr. Janata.
Cientistas estão explorando as diferentes formas como a música influencia nosso corpo e mente. Suas pesquisas também podem lançar luz sobre processos criativos. Atualmente, cientistas estão pesquisando com o poder da música poderia ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos para
AVC, autismo e muitas outras condições.
Vários estudos bem controlados têm descoberto que escutar música pode aliviar a dor ou reduzir a necessidade de analgésicos. Outras pesquisas sugerem que música pode beneficiar pacientes com doenças cardiovasculares ao diminuir a pressão, frequência cardíaca e
ansiedade. Musicoterapia tem mostrado melhorar o humor de pacientes com depressão. Tocar instrumentos musicais ou cantar também pode ter efeitos terapêuticos.
Quando a música e outros sons entram no ouvidos são convertidos em sinais elétricos. Esses sinais viajam pelo nervo auditivo até o córtex auditivo do cérebro, o qual processa o som. A partir daí a resposta cerebral à música fica bem mais complexa. Durante a última década, nova técnicas de imagem têm mostrado que a música ativa muitas regiões cerebrais que não se esperava. Ela envolve áreas relacionadas à emoção e memória. Também pode ativar as regiões motoras do cérebro,
as quais nos preparam para realizar e coordenar movimentos físicos.
Uma área cerebral que despertou interesse nos últimos anos foi o córtex pré-frontal medial, localizado atrás dos olhos. E um estudo recente, Dr. Janata demonstrou que essa região parece ser um eixo ligando música, memória e emoção. Ele utilizou uma técnica de imagem chamada ressonância magnética funcional para examinar o cérebro de jovens adultos enquanto escutavam músicas de sua infância. Quando eles escutavam músicas familiares, o córtex pré-frontal medial era ativado. Essa ativação era mais forte quando a música evocava uma memória ou emoção específica.
“O córtex pré-frontal medial também é uma das últimas regiões cerebrais a se deteriorar na
doença de
Alzheimer”, diz Dr. Janata. Isso pode ajudar a explicar porque muitos pacientes com Alzheimer podem lembrar e cantar músicas da sua juventude ao mesmo tempo que outras memórias se perderam. Dr. Janata espera conduzir estudos com idosos, incluindo aqueles com problemas de raciocínio, para verificar como o cérebro processa músicas nostálgicas.
O córtex pré-frontal medial também parece desempenhar papel na expressão criativa da música. Dr. Allen Braun, cientista do NIH’s National Institute on Deafness and Other Communication Disorders (NIDCD), e Dr. Charles Limb, da Universidade Johns Hopkins, pediram a músicos de jazz para tocar música dentro de um aparelho de ressonância magnética. Quando improvisavam, o córtex pré-frontal medial dos músicos era ativado. Porém, essa região não era ativada quando tocavam notas memorizadas. Ao mesmo tempo, uma área cerebral diferente envolvida no autocontrole é desligada durante a improvisação.
Vários estudos com músicos mostraram que seus cérebros são diferentes das outras pessoas. Há uma década, o neurocientista Dr. Gottfried Schlaug da Harvard Medical School descobriu que professores de música possuem um rolo espesso de nervos diferente que conecta os lados esquerdo e direito do cérebro.
Mais recentemente, Dr. Schlaug começou a estudar o desenvolvimento cerebral de crianças a partir dos 6 anos de idade quando começavam a aprender um instrumento. Depois de 15 meses a 30 meses de treino, os jovens músicos tinham conexões entre as diferentes regiões cerebrais e sistemas motores a auditivos mais complexos do que as que não tocavam instrumentos musicais. “Descobrimos que as crianças que mais praticavam tinham os efeitos mais profundos. Aquelas que praticavam menos não mostraram muitas diferenças em relação às crianças que não tocavam instrumentos”, diz Dr. Schlaug.
“Quando você toca música, isso recruta muitas regiões diferentes do cérebro, inclusive áreas visuais, auditivas e motoras”, diz Dr. Schlaug. “É por isso que tocar música é de potencial interesse para o tratamento de transtornos neurológicos”.
Dr. Schlaug está explorando como tocar música pode ajudar adultos a recuperar a capacidade de falar depois de um AVC. Quando o AVC danifica a área do cérebro da fala, algumas pessoas ainda conseguem cantar, mas não falar. Com uma técnica experimental chamada terapia de entonação musical, pacientes aprendem a cantar e reproduzir ritmos de canções simples. Gradualmente, diferentes regiões do cérebro podem assumir as funções da fala.
“Embora essa terapia já exista há 30 anos, ninguém entende completamente como ela funciona”, diz Dr. Schlaug.
Ele está agora conduzindo um estudo clínico para avaliar a eficiência dessa terapia. Os resultados são esperados em torno de 3 anos.
Cientistas continuam a explorar a relação entre música e saúde. Enquanto procuram, vá aproveitando as músicas que gosta.
Saiba
mais:
Música para sua saúde
Como a arte afeta sua saúde física e mental
Fazer exercício com música pode ser muito bom ou um inferno
Correr escutando música?
Como o estresse crônico afeta seu corpo e mente
Ansiedade - Diagnóstico e Tratamento
Emoções positivas e a sua saúde
Gostou desse artigo? Então você pode recomendá-lo com o Google +1:
|
Use a busca abaixo para encontrar o que deseja em mais de 5 mil páginas sobre esporte, saúde e bem-estar:
|
Créditos:
Tradução: copyright © 2016 por Helio Augusto Ferreira Fontes
Texto: NIH – National Institutes of Health
|