O mundo inteiro está focado agora na Copa do Mundo e não poderia ser diferente. É sem dúvida o maior evento esportivo e que além de movimentar milhares de dólares deixa sempre um legado importante para o país sede desde os mais pobres até os mais ricos que poderiam pensar que não teria muito para melhorar. A Alemanha, por exemplo, em 2006 gastou mais de US$ 10 bilhões em estádios, rodovias, controle do tráfego e transporte para cumprir as exigências da Fifa. Entretanto, o maior ganho foi na imagem que os alemães passaram ao mundo, antes tidos como povo frio e sem emoção. Durante a Copa trataram de mudar isso recepcionando muito bem o turista que levaram uma boa impressão do país. É esse turista que leva dinheiro, gasta compra tudo que vê e, se bem tratado volta. Essa é a melhor propaganda de um povo. O boca a boca.
A Copa do Mundo estreita relações como aconteceu com a Coréia e Japão em 2002 que além de dividirem as despesas passaram a se relacionar melhor.
Entretanto, os países mais pobres são os mais beneficiados como está acontecendo agora com a África do Sul. O presidente do Comitê Organizador sul-africano Danny Jordan, declarou que a Copa obriga a antecipação de investimento para cumprir o cronograma fiscalizado pela Fifa. Os sul-africanos não tinham um transporte eficiente entre as cidades de Joanesburgo e Pretória e trataram de construir um trem de alta velocidade. O presidente da república Thabo Mbeki declarou que o país nunca mais será o mesmo e a Copa significa o “renascimento africano”. Será a uma África antes e depois da Copa.
É verdade. O mundo só conhecia os animais selvagens da África, a pobreza, a miséria, a guerra civil das etnias, o Apartheid e a luta de Nelson Mandela. Estamos vendo o povo se unindo para mostrar o lado humano e hospitaleiro. Um povo querendo mudar, crescer e progredir.
O Brasil visando a Copa do Mundo de 2014 pretende gastar mais de US$ 5 bilhões em reforma de estádios, estradas, aeroportos, telecomunicações e segurança.
Entretanto, o brasileiro de modo geral vê como maior retorno a melhoria da imagem que podemos passar ao mundo de grandes centros urbanos com menos violência. O Rio de Janeiro, por exemplo, já provou ser capaz de sediar e organizar megaeventos como aconteceu por ocasião do PAN 2007. De onde saiu tantos policiais? De onde saiu tanto dinheiro? Embora muita gente critique fazendo piadas de mau gosto com as desgraças o povo brasileiro, e não são apenas os cariocas, colabora e se empenha quando “sente cheio de organização no ar”. O ganho maior é cultural como já está acontecendo com os sul-africanos.
Os pessimistas se apressam em dizer que o dinheiro gasto daria para fazer “x” hospitais, “x” escolas, “x” cadeias e que temos problemas mais importantes para resolver. Realmente temos, mas esporte é educação, cultura, exemplo de superação e espelho para muitos jovens que a partir da Copa do Mundo vão praticar uma modalidade esportiva qualquer. Os profissionais de Educação Física não podem perder essa oportunidade de alimentar isso.
O legado do esporte é sempre a disciplina, a determinação, a força, a coragem, a superação, o respeito ao próximo, a camaradagem, o traçado de metas, o reconhecimento da derrota e o saber “dar a volta por cima”. Qualidades de um verdadeiro cidadão que deseja viver numa sociedade justa e organizada. Depois dos eventos as instalações são aproveitadas para outros projetos. Claro, a gente sabe que nem sempre é assim, mas logo depois teremos as Olimpíadas de 2016 e certamente haverá interesse em aproveitar muita coisa da Copa que gera milhares de empregos diretos e indiretos. Nenhum país até hoje se arrependeu de sediar a Copa do Mundo e por isso existe um interesse mundial tão grande. No Brasil servirá inclusive para educar dirigentes, imprensa e todos que vivem do futebol porque existem regras para seguir. Na Copa do Mundo após as partidas os jogadores podem sair tranqüilos para o vestiário sem a “encheção de saco” de jornalistas enfiando o microfone na boca do jogador fazendo pergunta “sem pé nem cabeça”. Existe sala de imprensa com credenciamento onde os jogadores depois de se recuperarem da partida atendem aos jornalistas. Como se trata de Copa do Mundo os que lá estão são os melhores preparados para entrevistar e fazer perguntas inteligentes.
Cartas para essa coluna:
Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 3529 - E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Para Refletir: Se você não ficou rico até os cinqüenta anos, trabalhe menos porque também não vai ficar pobre e vai aproveitar mais a vida. (Moraes 2010).
Sobre a Ética: Ninguém realiza um sonho sem pensar, planejar e correr muito atrás dele. (Moraes 2010).
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