Passada a euforia da primeira medalha Olímpica da natação brasileira o pai de César Cielo Filho declarou à imprensa que o ouro conquistado foi à custa de muito sacrifício e união da família para bancar um grande sonho. Para isso César optou por treinar nos Estados Unidos na Universidade de Auburn, no Alabama. É um orgulho para todos nós vermos um brasileiro subir ao pódio honrando as nossas cores, mas é duro saber que o país em nada colaborou para isso. Por ter optado treinar fora do país até o patrocínio dos correios ele perdeu sem contar que a Confederação Brasileira de Desporto Aquático (CBDA) e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), e muito menos o Ministério dos Esportes sequer pagou os ingressos para os pais de Cielo assistir a sua vitória. Entretanto, muitos dirigentes que em nada acrescentam, devem ter ido para Pequim pendurados nas “tetas” dessas entidades.
Agora querem tirar casquinha aparecendo na frente da TV ladeando o campeão Olímpico cujo nome nem era muito citado. Não fizeram e não fazem absolutamente nada pelo esporte brasileiro. Alardearam tanto as medalhas de ouro no PAN no Rio de Janeiro sabendo que em Pequim as poucas medalhas não seriam fruto de uma política esportiva bem estruturada. A única estrutura esportiva brasileira bem sucedida é a do vôlei. Quase tudo que os dirigentes fazem é “para inglês ver” porque são apenas políticos com suas politicagens pífias. É de Ulisses Guimarães a frase: “A vocação do político de carreira é fazer de cada solução um problema”. Talvez por falar tantas verdades tenha desaparecido misteriosamente.
As lágrimas do Cielo no pódio emocionou todo o país e só ele sabe o que passou para chegar lá. A luta, a determinação, os desafios, a superação e a recompensa de todo o esforço só da família. Lágrimas também foram derramadas com as derrotas como as de Diego Hipólito ao cair sentado no último salto de sua apresentação. Para muitos brasileiros uma decepção, para ele muito mais que isso. Só ele sabe o que representa o verdadeiro espírito Olímpico. A grande maioria dos atletas não foram a Pequim passear. Foram dar o sangue e fazer o melhor possível dentro da capacidade individual.
O legado do esporte é a disciplina, a determinação, a força, a coragem, a superação, o respeito ao próximo, a camaradagem, o traçado de metas, o reconhecimento da derrota e o saber “dar a volta por cima”. Qualidades de um verdadeiro cidadão. Tivemos vários exemplos disso. Um deles foi a vitória sobre os Russos de Ricardo e Emanuel no vôlei de praia. Em vários momentos estiveram com a partida perdida e com a passagem de volta comprada durante o jogo, mas em nenhum momento se abateram e com muita garra venceram os adversários. “Não existe bola perdida e muito menos o jogo” disseram à imprensa. Lutaram até o fim sempre acreditando na vitória até perderem para outra dupla brasileira igualmente empenhada no verdadeiro espírito Olímpico que também sobra nas meninas da seleção brasileira de futebol. Infelizmente faltou tudo isso na seleção masculina. A derrota faz parte da competição. O problema é a forma que perdeu para a Argentina e ao contrário de muitos atletas Olímpicos derrotados não derramaram uma lágrima sequer e muito menos se sentiram envergonhados. Todos os jogadores argentinos corresponderam às expectativas do seu povo suando a camisa. Os nossos? Teve até jogador escalado por dirigente e deu no que deu. Fez-me lembrar os tempos de pelada onde o dono da bola tinha que jogar. As meninas do futebol ficaram com a honrosa e suada medalha de prata, mas garra só não basta. Faltou eficiência, paciência e planejamento tático para transpor a muralha americana. Já vimos até em campeonato brasileiro técnico ganhar jogo considerado perdido. Verdadeiramente mais um fruto da falta de estrutura dos dirigentes que vão fazer mais uma vez “um monte” de promessas medíocres.
A China e os chineses, mesmo com um governo autoritário tiveram a oportunidade de mostrar que é uma grande potência mundial e deram um banho nos democráticos norte-americanos cujos governantes, nos últimos anos estiveram preocupados em fazer a guerra. Em outros tempos, velocistas como os jamaicanos seriam naturalizados norte-americanos. Usain Bolt é o homem mais rápido do mundo nos 100 e 200 metros rasos com direito a recorde mundial. O último atleta a fazer essa dobradinha foi o norte-americano Carl Lewis em Los Angeles 1984, mas sem a presença dos soviéticos que lideraram boicote ao evento. No feminino as três atletas jamaicanas protagonizaram o que parecia impossível. Levaram a medalha de ouro e a prata foi dividida por ter sido impossível saber qual jamaicana tinha ficado em segundo e terceiro lugares. A Jamaica é a nova potência mundial no atletismo e os norte-americanos um verdadeiro fiasco cometendo erros infantis e grosseiros nos 4 x 100 metros rasos deixando cair o bastão na passagem... E em dose dupla porque foi tanto no masculino como no feminino. Parece até que treinaram isso. Sem chororô!
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