Diferenças entre os termos sexo e gênero

Muitas pessoas usam as palavras sexo e gênero como sinônimos, mas elas têm conceitos distintos para os cientistas.

Sexo é biológico. É baseado na sua carga genética. Homens têm um cromossomo X e um Y em cada célula do corpo. Mulheres possuem 2 cromossomos X em cada célula. Essas células constroem todos os órgãos e tecidos do corpo, incluindo pele, coração, estômago, músculos e cérebro.

Gênero é um conceito social ou cultural. Refere-se a papeis, comportamentos e identidades que a sociedade estabelece para meninos e meninas, homens e mulheres, e pessoas de gêneros diversos. Gênero é determinado por como nos vemos, agimos e interagimos com os outros. Uma vez que gênero influencia comportamentos e relacionamentos, ele também pode afetar a saúde.

Influência de sexo e gênero na saúde

Sexo e gênero influenciam a saúde e como doenças afetam as pessoas. “Houve um tempo em que estudávamos homens e aplicávamos esses achados às mulheres, mas aprendemos que há diferenças biológicas entre eles”, explica Dra. Janine Austin Clayton, que lidera as pesquisas sobre saúde feminina no NIH (National Institutes of Health). “Homens e mulheres possuem diferenças hormonais, nos órgãos e influências culturais diversas - tudo isso ocasiona diferenças na saúde”.

À medida que os cientistas aprendem mais sobre a biologia de homens e mulheres, eles descobrem as influências de sexo e gênero em muitas áreas da saúde. 

Por exemplo, mulheres e homens podem apresentar sintomas diferentes durante um ataque cardíaco. Para tanto homens como mulheres, o sintoma mais comum de ataque cardíaco é dor ou desconforto no peito. Porém mulheres têm maior probabilidade de ter falta de ar, náusea e vômito, fadiga, e dor nas costas, ombros ou mandíbula. Conhecer as diferenças pode levar a melhores diagnósticos e resultados.

Homens e mulheres também tendem a apresentar respostas diferentes à dor. Pesquisas patrocinadas pelo NIH recentemente aprenderam que células diferentes em camundongos macho e fêmeas dirigem o processamento da dor.

“Sem estudar ambos os sexos nós não saberíamos se estamos caminhando na direção certa para tratamento clínico tanto de homens como de mulheres”, diz Dra. Clayton. “Nossas diferenças também afetam como respondemos aos medicamentos, assim como para quais doenças e condições médicas possuímos maior probabilidade de desenvolver e como elas progridem”. Por exemplo, mulheres metabolizam nicotina mais rápido do que homens, então terapias de substituição de nicotina podem ser menos eficientes em mulheres. 

Vício para nicotina e outras drogas

Cientistas estão descobrindo que vício para nicotina e outras drogas também é influenciada pelo sexo. “Em relação ao vício, diferenças de sexo e gênero podem ser encontradas”, diz Dra. Sherry McKee, líder das pesquisas sobre tratamentos para dependência de tabaco na Universidade de Yale. “Há razões diferentes pelas quais homens e mulheres usam drogas, e em como eles respondem aos tratamentos e sofrem relapsos. Sexo também influencia o risco de doenças decorrentes da dependência. Por exemplo, mulheres que fumam são mais propensas a doenças nos pulmões e coração do que homens fumantes”. 

Uma equipe financiada pelo NIH detectou algumas dessas diferenças no cérebro. Em uma estudo recente, 16 pessoas fumantes, 8 homens e 8 mulheres, passaram por tomografia computadorizada cerebral enquanto fumavam para criar “filmes” de como o fumo afetava a dopamina, um mensageiro químico que libera sensação de prazer no cérebro. 

Os filmes mostraram que fumar altera a dopamina no cérebro em taxas diferentes e localizações diversas em homens e mulheres. A liberação de dopamina em homens dependentes de nicotina ocorria mais rápido em uma área do cérebro que reforça o efeito da nicotina e outras drogas. Mulheres também tiveram resposta rápida, mas em uma região do cérebro diferente: a parte associada à formação de hábito. “Fomos capazes de identificar repostas cerebrais diferentes entre homens e mulheres fumantes, um achado que pode ser útil no desenvolvimento de tratamentos para largar o fumo moldados especificamente para cada sexo”, diz Dra. Kelly Cosgrove, especialista em imagens cerebrais na Universidade de Yale.

Encontrar melhores formas de ajudar homens e mulheres a parar de fumar é importante para a saúde. Mais de 16 milhões de norte-americanos têm doenças causadas pelo fumo. É a causa evitável que causa mais mortes nos EUA.

Doenças autoimunes

Cientistas têm descoberto que sexo influencia doenças autoimunes também. Em torno de 80% das pessoas afetadas são mulheres. Porém doenças autoimunes em homens são frequentemente mais severas. Por exemplo, mais mulheres do que homens têm esclerose múltipla, uma doença na qual o sistema imunológico do corpo ataca o cérebro e medula espinhal. Porém, os homens parecem ser mais propensos a ter a forma progressiva da esclerose múltipla, a qual piora gradualmente e é mais desafiadora ao tratamento.

“Não somente as mulheres são mais susceptíveis à esclerose múltipla, mas também têm mais considerações em relações ao controle da doença, especialmente porque ela frequentemente começa durante a idade fértil”, diz Dra. Ellen Mowry, especialista que estuda esclerose múltipla na Universidade Johns Hopkins. 

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