O que é a distrofia muscular de Duchenne
A distrofia muscular de Duchenne é uma forma rápida e progressiva de distrofia muscular, que ocorre primariamente em meninos. Ela é causada por uma alteração (mutação) em um gene chamado DMD. Esse gene pode ser herdado em famílias pelo cromossomo X, porém freqüentemente ocorre em famílias sem histórico para essa condição. Pessoas com distrofia muscular de Duchenne têm fraqueza e perda progressiva da função muscular, a qual começa nos membros inferiores. O gene DMD é o segundo maior conhecido e codifica a proteína muscular, distrofina. Meninos com distrofia muscular de Duchenne não fabricam a proteína distrofina nos músculos.
A distrofia muscular de Duchenne afeta aproximadamente 1 em cada 3.500 nascimentos de meninos no mundo. Uma vez que é uma desordem herdada, os riscos incluem histórico familiar de distrofia muscular de Duchenne.
Sintomas da distrofia muscular de Duchenne
Os sintomas da distrofia muscular de Duchenne geralmente aparecem antes dos 6 anos de idade, podendo se manifestar bem mais cedo. Tipicamente, o primeiro sintoma que pode ser notado é um atraso em sentar e ficar em pé sem ajuda. A idade média para meninos com distrofia muscular de Duchenne caminharem é de 18 meses. Há fraqueza muscular progressiva dos músculos pélvicos e das pernas, a qual está associada com perda de massa muscular. Essa fraqueza muscular causa andar gingado e dificuldade de subir escadas. A fraqueza muscular também pode ocorrer nos braços, pescoço e outras áreas, mas não tão severamente ou precocemente como na parte inferior do corpo.
As panturrilhas inicialmente aumentam e o músculo maior é eventualmente substituído por gordura e tecido conectivo (pseudo-hipertrofia). Contraturas musculares ocorrem nas pernas, tornando os músculos não utilizáveis porque as fibras musculares encurtam e ocorre fibrose no tecido conectivo. Ocasionalmente há dor nas panturrilhas.
Os sintomas geralmente aparecem em meninos de 1 a 6 anos de idade. Existe um declínio constante na força muscular entre os 6 e 11 anos de idade. Pelos 10 anos, aparelhos podem ser necessários para caminhar. Por volta dos 12 anos, a maioria dos meninos precisa de cadeira de rodas. Os ossos se desenvolvem anormalmente, causando deformidades ósseas da espinha e outras áreas.
Fraqueza muscular e deformidades ósseas freqüentemente contribuem para transtornos respiratórios. Cardiomiopatia (coração aumentado) ocorre em quase todos os casos, começando na pré-adolescência em alguns, e depois dos 18 anos em todos. Prejuízo intelectual pode ocorrer, não é evitável e não piora à medida que a doença progride.
Algumas pessoas com distrofia muscular de Duchenne vivem depois dos 30 anos de idade. Complicações respiratórias e cardiomiopatia são as causas comuns de morte.
Diagnóstico da distrofia muscular de Duchenne
A distrofia muscular de Duchenne é diagnosticada de várias formas. O diagnóstico clínico pode ser feito quando um menino tem fraqueza muscular progressiva simétrica. Os sintomas são presentes antes dos 5 anos de idade, e freqüentemente há níveis extremamente altos de creatina quinase no sangue. Sem tratamento, a maioria dos meninos fica dependente da cadeira de rodas antes dos 13 anos de idade.
Pode ser feita biópsia muscular para verificar níveis anormais de distrofina. Um menino com distrofia muscular de Duchenne não terá distrofina. Alguns meninos podem ter uma quantidade intermediária da proteína distrofina, sendo freqüentemente diagnosticados como tendo distrofia muscular de Becker.
Testes genéticos em amostra de sangue procurando por alterações no gene DMD podem ajudar a estabelecer o diagnóstico de distrofia muscular de Duchenne sem a biópsia muscular. Os testes genéticos podem detectar a doença em quase 95% dos casos. Pessoas que foram diagnosticas com distrofia muscular de Duchenne pelo biópsia, mas não pelos testes genéticos, ainda possuem alteração no gene, mas em áreas que não são examinadas pelos testes genéticos atuais.
Para os indivíduos restantes, uma combinação de achados clínicos, histórico familiar, concentração de creatina quinase e biópsia muscular com estudo da distrofina confirmam o diagnóstico. Creatina quinase é uma enzima que está presente normalmente em altas concentrações nas células musculares. Durante o processo de degeneração muscular, as células musculares são constantemente quebradas e seu conteúdo vai até a corrente sanguínea. Desta forma, níveis elevados de creatina quinase podem ser detectados a partir de teste de sangue como medida do dano muscular. Níveis elevados podem ser resultado de várias outras razões, incluindo lesão muscular aguda.
Tratamento para distrofia muscular de Duchenne
O tratamento para a distrofia muscular de Duchenne foca nos seus sintomas. São usados medicamentos anti-congestivos para controle agressivo da cardiomiopatia dilatada. Em casos severos, é preciso transplante cardíaco. Aparelhos para auxiliar em complicações respiratórias podem ser necessários, especialmente à noite.
O medicamento prednisona, um esteróide, é dado para melhorar a força e função das pessoas com distrofia muscular de Duchenne. A prednisona tem mostrado prolongar a capacidade de caminhar por 2 a 5 anos. Porém, possíveis efeitos colaterais incluem ganho de peso, pressão alta, alterações comportamentais e crescimento retardado. Uma forma sintética de prednisolona, chamada Deflazacort, é usada na Europa e acredita-se ter menos efeitos colaterais que a prednisona. Um medicamento chamado ciclosporina
tem sido usado e mostrado melhora na função clínica de crianças. Porém, seu uso é controverso devido a miopatia induzida por esse medicamento. Oxandrolona, um medicamento usado em um estudo, tem efeitos similares à prednisona com menos efeitos colaterais.
Fisioterapia é utilizada para melhorar a mobilidade e prevenir contraturas. Cirurgia pode ser necessária para contraturas severas e escoliose.
A distrofia muscular de Duchenne é hereditária?
A distrofia muscular de Duchenne é herdada do cromossomo X. Homens têm somente uma cópia do cromossomo X, herdado da mãe, e uma cópia do cromossomo Y, herdado do pai. Se o seu cromossomo X tiver mutação genética de distrofia muscular de Duchenne, ele terá essa doença.
Já as mulheres têm duas cópias dos cromossomos X. Por isso, se uma cópia não funcionar, elas têm outra cópia para produzir a proteína distrofina. A mulher que tem alteração genética em uma das duas cópias do cromossomo X é chamada portadora da distrofia muscular de Duchenne. As portadoras não têm a distrofia muscular de Duchenne e a maioria não sabe que poderia carregar essa alteração no material genético, a menos que conheçam um caso na família. Porém, estudo recentes tem mostrado que algumas mulheres portadoras apresentarão sintomas da distrofia muscular de Duchenne, incluindo fraqueza muscular e anormalidade cardíacas.
Mulheres portadoras da cópia alterada do gene possuem 50% de chance de o passar em cada gravidez. Desta forma, há 25% de chances de terem sua criança com distrofia muscular de Duchenne (50% de chance do menino ter distrofia muscular de Duchenne e 50% da menina ser portadora).
A chance de uma mulher que tem um filho com distrofia muscular de Duchenne, e que não possui nenhum histórico familiar, ser portadora é de aproximadamente 2/3. Nos 1/3 remanescentes com distrofia muscular de Duchenne, a mutação do gene é uma nova alteração genética.
Homens que herdam ou nascem com uma cópia alterada do gene da distrofia muscular de Duchenne terão a doença, uma vez que possuem um cromossomo Y e não outro X. Se um homem com distrofia muscular de Duchenne tiver filhos, todas as meninas serão portadoras e nenhum dos meninos será afetado.
Atualmente opções reprodutivas estão disponíveis para as famílias com mulheres portadoras. As opções pré-concepção incluem tecnologia que pode separar esperma contendo cromossomos X, aumentando as chances de ter uma menina. A segunda opção reprodutiva é o diagnóstico genético pré-implantação, o qual é uma técnica que permite que as células de um ovo fertilizado possam ser testadas para determinas se contêm alteração no gene e então implantar os ovos sem alteração.
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