Todo ano com a aproximação do verão é sempre assim. As pessoas correm para academia e querem fazer qualquer
dieta da moda na intenção de perder toda aquela gordura adquirida durante o inverno virando alvo fácil da indústria da enganação. Entre os procedimentos “ditos” milagrosos vem a mania de
não comer carboidrato divulgado por algumas artistas famosas ou aquelas modelos magrelas.
Eis a questão quase sempre deturpada. A dieta pobre em carboidrato é chamada cetogênica com aplicação terapêutica no tratamento de crianças e adolescentes com
epilepsia que não respondem ao tratamento medicamentoso conservador ou nos casos de
obesidade de
risco, patologias
cardiovasculares, diabetes, alguns casos de
câncer entre outras doenças. Mesmo nos casos terapêuticos existe o risco calculado e acompanhado por médicos.
Os carboidratos são a nossa principal fonte de energia tanto para as pessoas
sedentárias como as fisicamente ativas. As sedentárias precisam um mínimo de carboidrato para se movimentar e se manter vivas. Os atletas para manter os estoques de energia antes, durante e depois do exercício além da energia funcional. No esporte estoques baixos de carboidratos são responsáveis por fadiga precoce.
Nessa época do ano tem gente que inventa de fazer dieta pobre em carboidrato para
emagrecer e fazendo muito exercício achando que os carboidratos serão responsáveis pelo aumento da
gordura corporal. Na falta do carboidrato o corpo vai buscar a energia nos músculos num processo chamado de
catabolismo que se refere à perda de
massa muscular. Embora não exista um número exato, pelo menos existe consenso médico que os carboidratos devem ocupar em torno de 50% do gasto calórico de um indivíduo. Claro que depende do tipo de corpo estatura e o nível de atividade física que cada um faz. Fazendo analogia com o automóvel quanto maior a potência do motor, a velocidade alcançada e a distância percorrida, maior o gasto de combustível.
Dieta pobre em carboidrato não resta dúvida que emagrece assim como parar de comer também até morrer de inanição, mas o que dizem os estudos? (Noto et al., 2013) se refere a um estudo de revisão feito por pesquisadores japoneses que acompanharam pessoas que fazem dietas pobres em carboidratos chegando a mesma conclusão. Em longo prazo os adeptos dessa dieta têm maior taxa de mortalidade. Isso mesmo! Vivem menos. Não entendeu ainda? Morre mais cedo. Que graça tem isso?
Tem mais. Em pesquisas anteriores estudiosos suecos já haviam concluído risco aumentado de doenças cardiovasculares em pessoas adeptas à dieta com pouco carboidrato e muita
proteína (Lagiou et al., 2012). Essa maluquice começou no início dos anos 70 com a idéia avassaladora da
dieta Atkins engordando a conta bancária do cardiologista norte americano Robert Atkins.
À base de proteínas, sem carboidrato, açúcar e
frutas, a dieta sugere consumo de
gorduras e proteína animal. O desequilíbrio metabólico provoca emagrecimento além da gordura gerar fastio e diminuição do apetite. Como ninguém é de ferro, o indivíduo um dia pára de fazer a dieta e volta a engordar e cheio de
colesterol no
sangue. Dá para imaginar que essa dieta foi criada por um cardiologista? Nem o National Institutes of Helth (NIH), respeitado órgão americano, e muito menos a Organização Mundial de saúde (OMS) recomenda dieta rica em proteína e gordura e pobre em carboidrato.
Em 1997 novamente renasce a idéia absurda das gorduras baseada na filosofia Atkins. Desta vez sob a forma do famoso
Xenical. Lembram disso? A teoria era impedir a absorção de 30% da gordura ingerida com efeito colateral imediato. Forte
diarréia em função da ingestão exagerada de gordura. Muita gente foi parar até no hospital.
Portanto, fica aí o alerta. Fazer qualquer tipo de dieta só tem validade assegurada se for prescrita por um médico ou um nutricionista. Ficar sem comer carboidrato realmente emagrece, mas pode morrer antes do gordinho que come de tudo.
Cartas para essa coluna:
Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 3529 - E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Para Refletir: A vida é uma só e pode durar até uns 100 anos. É tempo suficiente para fazer o que “der na telha” e se arrepender... do que não fez. (Moraes 2013).
Sobre a Ética: Você só vai saber se deu certo na vida quando morrer pelo que as pessoas murmurarem no seu velório. - Ele era tão bonzinho! Ou. - Já vai tarde! (Moraes 2013).
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