O
câncer de pênis é raro e, por atingir quem tem menos condições de se tratar, é descoberta quase sempre em estágio avançado. Falta
de higiene entre os homens é uma das causas do problema.
“Os homens precisam acordar para a própria saúde.” A afirmação é do urologista Rômulo Maroccolo Filho, chefe do Serviço de Urologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB). O especialista alerta a população para um problema raro, mas sério e pouco combatido no país: o câncer de pênis. A doença responde por apenas 2% dos casos de câncer nos homens. No entanto, torna-se mais grave por causa da miséria e da falta de instrução. A maioria dos casos só é descoberta em estágio avançado, quando o único tratamento possível é a mutilação.
Segundo o médico, a falta de higiene é um dos maiores fatores de risco para esse tipo de câncer, que afeta principalmente pessoas acima de 60 anos de idade, analfabetas e de baixo nível econômico. Faz parte da prevenção larvar o pênis diariamente com água e sabão, em especial debaixo do prepúcio, a pele que recobre a cabeça do genital (glande). Esse ato não só impede o surgimento de infecções como leva o homem a observar se existe algum tipo de alteração ou ferida no órgão.
Outros fatores de risco são as lesões penianas crônicas, o comportamento sexual de risco, a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e a fimose – que ocorre quando a pele do prepúcio é estreita ou pouco elástica, impedindo a exposição da glande e a limpeza adequada. “Cerca de 75% dos pacientes com câncer de pênis têm fimose e 30% deles apresentam infecções por HPV”, afirma Maroccolo.
NORTE E NORDESTE – A maior incidência do problema está nas regiões Norte e Nordeste, onde, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), pode superar cânceres mais comuns como o de próstata e bexiga. De acordo com o urologista, nessas regiões há cinco vezes mais registros de câncer de pênis que no restante do país. Em Brasília, os casos tratados na rede de saúde são praticamente todos de migrantes do Norte e Nordeste. Por ano, a capital registra cerca de 30 casos de câncer de pênis. “São números altos, semelhantes a países muito pobres da África e Ásia”, assegura o médico. O HUB oferece atendimento para a doença.
Infelizmente, o tempo médio de procura dos brasileiros por um médico especialista é de seis meses. Isso faz com que a doença seja descoberta, na maioria das vezes, em estágio avançado, quando o tratamento só se dá por cirurgia de retirada do tumor e conseqüente mutilação do órgão. “Uma lesão maligna descoberta precocemente é facilmente curada com laser e cauterização. Mas à medida que a doença avança, o tratamento exige amputações de parte e até de todo o pênis”, diz o médico. Nesse caso, os pacientes sofrem um grande trauma e precisam de acompanhamento psicológico. O tempo de internação chega a até três semanas.
Quando o câncer ultrapassa a glande e o corpo do pênis, atingindo a região inguinal (sistema linfático), caracteriza-se a metástase. A sobrevida, nesse ponto da doença, chega a menos de 20% dos casos depois de cinco anos. Por isso, procurar ajuda o quanto antes é imprescindível. “O principal inimigo dos homens é a desinformação”, assegura o urologista Maroccolo Filho.
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